sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Acompanhavam-No os Doze e algumas mulheres
O evangelho de João (cf. também Mc 16, 9) coloca em destaque a função particular de Maria Madalena, que é a primeira a encontrar Cristo ressuscitado. [...] Por isso, é conhecida também como a «apóstola dos apóstolos». Maria Madalena foi testemunha ocular do Cristo ressuscitado antes dos apóstolos e, por essa razão, foi também a primeira a dar testemunho diante dos apóstolos.
Este acontecimento coroa, em certo sentido, tudo quanto foi precedentemente dito sobre o facto de Cristo confiar as verdades divinas às mulheres, em pé de igualdade com os homens. Pode-se dizer que assim se cumpriram as palavras do profeta: «Derramarei o Meu Espírito sobre todo o homem e tornar-se-ão profetas os vossos filhos e as vossas filhas» (Jl 3, 1). Cinquenta dias depois da ressurreição de Cristo, estas palavras são novamente confirmadas no cenáculo de Jerusalém, durante a vinda do Espírito Santo Paráclito (At 2, 17). Tudo o que se disse até aqui sobre o comportamento de Cristo em relação às mulheres confirma e esclarece, no Espírito Santo, a verdade sobre a igualdade dos dois, homem e mulher.
Papa João Paulo II
Mulieris Dignitatem, § 16 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Eis a tua mãe!
Na hora da Sua paixão, o Senhor tinha comparado os Seus apóstolos a uma mulher que dá à luz, ao dizer: «A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz o menino, já se não lembra da aflição, pela alegria de ter vindo ao mundo um homem» (Jo 16, 21). Quanto mais compararia tal Filho tal Mãe - essa Mãe que esteve de pé junto à cruz - a uma mulher que dá à luz! Comparar? Mas Ela é verdadeiramente mulher e verdadeiramente mãe e, nesta hora, tem verdadeiras dores de parto. Ela não tinha sofrido as dores do parto como as outras mulheres quando lhe nascera o Filho; é agora que as sofre, que é crucificada, que sente a tristeza de quem dá à luz porque chegou a sua hora (cf Jo 13, 1; 17, 1). [...]
Quando tiver passado esta hora, quando esta espada de dor tiver trespassado por completo a sua alma que dá à luz (Lc 2, 35), também Ela já se não lembrará da aflição, pela alegria de ter vindo ao mundo um homem, o homem novo, que renova todo o género humano e reina sem fim sobre o mundo inteiro, verdadeiramente nascido, ultrapassado todo o sofrimento, imortal, primogénito de entre os mortos. Tendo assim trazido ao mundo a salvação de todos nós na paixão de seu único Filho, a Virgem é claramente a Mãe de todos nós.
Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino
Comentário sobre o Evangelho de João, 13; PL 169, 789 (a partir da trad. Tournay rev.)
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Natividade de Nossa Senhora
sábado, 5 de setembro de 2009
05 de Setembro dia de Madre Teresa
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
O medo do desconhecido em nós
Dom Anuar Batistti
Fonte: CNBB
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Honrar a Deus com o coração
Com freqüência escribas e fariseus provocavam disputas com Jesus. Lendo com atenção os evangelhos, nota-se que não era ele a iniciar disputas, mas as tolerava e respondia direta ou indiretamente.O mestre ensinava verdades novas, às vezes inauditas, longe do modo de pensar comum das gentes, dos chefes; verdades desconcertantes para a vida de todo dia. Jesus não pretendia anular os seus adversários, mas as suas respostas eram um pensamento profundo para fazer progredir a reflexão sobre a condição humana, sobre o mistério de Deus.Também desta vez, a disputa diz respeito a comportamento de aparência banal: lavar as mãos antes das refeições. Diz o evangelista Marcos: “Os escribas e fariseus tinham visto que alguns dos discípulos de Jesus comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado”. Pode ser a nossos olhos uma coisa simples: boa norma de higiene e boas maneiras, etiqueta social. Mas nos tempos de Jesus, do gesto simples tinham feito um rito religioso com exigência de observância moral. Muitos comportamentos eram considerados em Israel como puros ou impuros; na base da distinção estavam somente tradições humanas, passadas por gerações, com força de lei, e as transgressões tinham peso de pecado. De fato, nas leis provenientes de Moisés, confluíram não somente coisas importantes, por exemplo, os Dez Mandamentos, mas ainda simples normas higiênicas, tradições meramente humanas. Assim para escribas e fariseus o não lavar as mãos antes de comer era falta gravíssima, intolerável, que tornava o homem impuro. À base desses comportamentos, existiam explicações estranhas: o temor e pânico da gente primitiva face às forças da natureza, a persuasão de que no mundo escondiam-se potências tenebrosas e hostis, que era necessário neutralizar com ritos e magias. Assim existiam objetos impuros a evitar, plantas impuras, animais impuros; ai de quem as tocasse, ai de quem delas se servisse para nutrir-se.Surgia uma religiosidade falsa, feita de observações minuciosas, uma vida conduzida de cabeça para baixa, sempre no temor de enganar-se, com medo de cair na hostilidade de forças misteriosas.Tudo isso estava longe do clima sereno e confiante da Aliança. No livro do Deuteronômio 4, 1 e ss, “Moisés falou ao povo: ouvi as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir. ... Nada acrescenteis, nada tireis à palavra que vos digo”. À base da Aliança estava a amizade com o Senhor, a alegria de sentir-se por ele amado, de ter dele a confiança de uma missão a realizar na história, compreendida a promessa de um Messias redentor. Jesus via na polêmica com escribas e fariseus a diferença entre o projeto de Deus e o modo como a gente acabava por viver. Por isso disse o Senhor: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”. Os lábios são símbolo do exterior, das palavras ocas e medrosas.O coração por sua vez: uma realidade complexa. É pequenino, mas carregado de significados espirituais, afetivos. Sentimos o coração como sede do eu profundo, da identidade da pessoa, onde alguém se mede com os outros, com Deus, em relação de amor, ou de recusa do amor. Onde amadurecem as escolhas importantes sobre a vida, onde são tomadas as decisões fundamentais para o nosso destino. Jesus contrapõe os lábios e o coração, isto é, a exterioridade do lavar as mãos e os pratos e copos, porque se temem conseqüências negativas, mágicas, pavorosas, e a interioridade das pessoas que na luz de Deus se amam, se respeitam e se ajudam, se empenham pela vida e pela morte. Já o profeta Samuel advertia: “O homem olha a aparência, o Senhor olha o coração”(1 Samuel 16,7). Mas o coração do homem é cheio de ambigüidade, capaz de generosidade sem limites, mas também de baixeza e vileza. Victor Hugo escreveu: “De todas as coisas que Deus fez, o coração humano é a que traz mais luz e também mais trevas”.
Cardeal Geraldo Majella Agnello
Fonte: CNBB