sexta-feira, 24 de abril de 2009

Encheram doze cestos com os pedaços que sobejaram

Num abrir e fechar de olhos, o Senhor multiplicou um pouco de pão. Aquilo que os homens fazem em dez meses de trabalho, os seus dez dedos fizeram num instante. [...] Todavia, não foi pelo Seu poder que Ele mediu o alcance do milagre, mas pela fome dos que ali estavam. Se o milagre tivesse sido avaliado pela medida do Seu poder, teria sido impossível avaliá-lo; medido pela fome daqueles milhares de homens, o milagre excedeu os doze cestos. A capacidade dos artesãos não excede a dos clientes, é-lhes impossível corresponder a tudo o que lhes é pedido. As realizações de Deus, pelo contrário, superam todo o desejo. [...]
Saciados no deserto como outrora os israelitas pela oração de Moisés, eles exclamaram: «Este é realmente o Profeta que devia vir ao mundo!» Faziam alusão às palavras de Moisés: «O Senhor vos suscitará um profeta», não um qualquer, mas «um profeta como eu» (Dt 18, 15), que vos saciará de pão no deserto. Como eu, caminhou sobre o mar, apareceu na nuvem luminosa (Mt 17, 5), libertou o Seu povo. Ele entregou Maria a João, como Moisés entregou o seu rebanho a Josué. [...] Mas o pão de Moisés não era perfeito; foi dado unicamente aos israelitas. Querendo significar que o Seu dom é superior ao de Moisés e o apelo às nações mais perfeito, nosso Senhor disse: «se alguém comer deste pão, viverá eternamente», porque «o pão de Deus desceu do Céu» e foi dado ao mundo inteiro (Jo 6, 51).
Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja Diatesseron, 12, 4-5, 11 (trad. SC 121, pp. 214ss.)

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